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A chamada Odontologia minimamente invasiva tem se consolidado como uma abordagem moderna e eficaz no tratamento de diversas condições bucais, em especial da doença cárie. Ao priorizar a preservação máxima dos tecidos sadios, o cirurgião-dentista proporciona não apenas um procedimento mais conservador, mas também benefícios duradouros ao paciente, já que a manutenção da estrutura natural do dente contribui para maior longevidade dos tratamentos realizados.
Por esse motivo, o CFO Esclarece, programa voltado à divulgação de informações de utilidade pública e educativas no âmbito da Odontologia e da Saúde Bucal, aborda agora o tema da Odontologia minimamente invasiva, que vem sendo utilizada de forma cada vez mais crescente dentro dos consultórios odontológicos em benefício da preservação da saúde bucal e dos sorrisos dos pacientes.
A conselheira federal do Conselho Federal de Odontologia (CFO), Bianca Zambiasi, que é professora universitária e doutora em Odontologia com área de concentração em Dentística Restauradora, explica que a terminologia Odontologia minimamente invasiva não é nova. Pelo contrário, trata-se de um conceito que abrange técnicas existentes desde meados das décadas de 1950 e 1960. Porém, vem ganhando mais força e espaço na Odontologia contemporânea.
“A Odontologia minimamente invasiva está se tornando cada vez mais conhecida e utilizada pelos cirurgiões-dentistas, especialmente em razão das novas tecnologias que favorecem ao máximo a preservação do tecido dentário. No passado, extrações e tratamentos mutiladores eram mais comuns, mas hoje há uma nova cultura de máxima preservação do elemento dentário. O que possibilitou a chegada desse conceito foram os estudos, o crescimento dessa área e a confiança na chamada Odontologia adesiva”, destaca Bianca Zambiasi.
Evolução do conceito
De acordo com o cirurgião-dentista Eduardo Gonçalves Mota, mestre e doutor em Odontologia e professor da PUC-RS, a abordagem conservadora nos preparos cavitários foi descrita ainda para as restaurações de amálgama de prata. Nos anos 80 e 90, os conceitos de biomecânica já apontavam que, durante o processo de preparo para restauração, a perda de estruturas fundamentais, como as cristas marginais, reduzia a resistência final do sistema dente/restauração. Com isso, é possível entender que a preservação das estruturas sadias dos dentes é de extrema importância para o sucesso dos tratamentos e longevidade do elemento dentário.
“É claro observar que a preocupação com a preservação das estruturas já é algo estudado há muitos anos. Em 1982, o Professor Nobuo Nakabayashi revolucionou a Odontologia adesiva, trazendo o conceito de que há uma transferência de carga entre o material restaurador e a interface com o dente. Ou seja, as restaurações adesivas poderiam, sim, reforçar estruturas mais comprometidas e, para que essas funcionem da melhor maneira possível, seria indispensável preservar a maior quantidade de tecido dentário possível. Logo, os preparos cavitários foram limitados apenas ao acesso e remoção do tecido cariado”, complementa o professor Mota.
Na prática, de forma simplificada, o que acontece é que, antigamente, eram utilizadas macro-retenções para travar restaurações, como amálgama, metalocerâmica e metais no geral. Os preparos dessas restaurações tinham que ser retentivos e, por esse motivo, os cirurgiões-dentistas precisavam desgastar também partes saudáveis dos dentes. Atualmente, no entanto, se desgasta o mínimo possível, porque as restaurações mais modernas são coladas ao dente.
“Hoje, com a Odontologia minimamente invasiva, pensando no ponto de vista restaurador, podemos remover apenas o que é necessário, mantendo a estrutura saudável e aumentando a resistência do dente”, complementa a conselheira federal, Bianca Zambiasi.
Preservação do esmalte
A principal vantagem da Odontologia minimamente invasiva é a preservação do esmalte humano, uma estrutura nobre, de quantidade limitada no corpo e insubstituível. De acordo com a biomecânica, quanto mais tecido (esmalte e dentina) forem removidos durante um procedimento odontológico, menor será a resistência final do sistema dente/restauração.
“Uma vez removida a estrutura dentária nenhum material restaurador conhecido nos dias atuais reproduzirá física e mecanicamente o dente original. Estudos de mais de 30 anos relatam que se deve desgastar o mínimo possível do dente, porque o que proporciona resistência à fratura é a preservação do tecido sadio”, pontua o professor Eduardo Mota.
Importância do diagnóstico precoce
A prevenção é um fator decisivo para a aplicação dos conceitos da Odontologia minimamente invasiva, uma vez que permitirá a identificação de processos cariosos em estágio inicial, possibilitando ao cirurgião-dentista realizar a restauração do dente sem necessidade de grandes desgastes. Além disso, quanto mais cedo o problema for identificado e quanto menor estiver a lesão de cárie, maior será o índice de sucesso do tratamento, tanto em relação às características da própria restauração, quanto em relação aos riscos de trincas e fraturas.
“Quanto maior for a restauração, maior a chance de falhas, que podem acabar resultando na necessidade de sucessivas intervenções no mesmo dente, inclusive algumas mais invasivas, como os tratamentos endodônticos, e até mesmo extrações. Ou seja, o diagnóstico precoce, aliado a uma abordagem minimamente invasiva, evita que o dente entre no chamado ciclo restaurador, também conhecido como ciclo da morte”, aponta a conselheira federal Bianca Zambiasi.
Nem toda mancha é cárie; nem toda cárie é escura
Nem toda mancha escura nos dentes é cárie. No passado, quando ainda não existiam estudos robustos sobre o tema e a preservação dos tecidos dentários não era prioridade, era comum que se removesse qualquer área escurecida na superfície dental. Hoje, entretanto, sabemos que muitas dessas regiões correspondem à dentina reacional, tecido formado como resposta de defesa do organismo, mais resistente à progressão da cárie. Além disso, em vários casos, o escurecimento pode ser apenas o resultado de pigmentos provenientes da dieta do paciente, sem relação com lesões cariosas.
Por outro lado, deve-se ressaltar que a avaliação visual é capaz de identificar 93% dos casos saudáveis, mas apenas 12% dos casos de doença cárie. Ou seja, mais de 80% dos casos de cárie ativa em estágio inicial não serão diagnosticados (falso negativo) apenas pela análise visual. Por isso, técnicas como a radiografia interproximal aumentam para 49% a capacidade de diagnóstico da doença e a fluorescência a laser para 85% nos casos oclusais.
“Exames adicionais, além da inspeção visual, são fundamentais para diagnóstico e tomada de decisão de se realizar o preparo cavitário limitado ao acesso e remoção do tecido cariado. Na prática, a tecnologia também é grande aliada da Odontologia minimamente invasiva”, conclui o cirurgião-dentista Eduardo Mota.
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